quinta-feira, 6 de agosto de 2009

D. Quixote e Sancho ou Moinhos e Gigantes


Há um poema de António Gedeão, que não é nada rebuscado, que desde que o li a primeira vez, decorei-o e agora, como uma ecolália, repito-o na minha cabeça quando estou dividida. É ou não é uma metáfora perfeita da vida? Moinhos e Gigantes...

Lembro-me como se fosse hoje da minha professora de português do 9º ano, a lê-lo em voz alta, mas dela tenho uma história mais bontita para contar, um dia destes...

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Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros com outros olhos,
Não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
Uns outros descobrem cores
Do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

2 Comentários:

Silly Little Wabbit disse...

Não me lembrava do poema. Obrigada.

Ulysses disse...

Olá.

Excepcional esse poema.

Tão rica é a lírica lusa.

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