sábado, 25 de abril de 2009

Quem estava cá no 25 de Abril que ponha o cravo no ar!

Mais um feriado, mais um dia de trabalho... Tudo igual. Tudo não. Já que eu vou a casa de tantas pessoas, conheço tanta gente, afasto por momentos a solidão de alguns, revolvo a quietude de outros, resolvi perguntar a todas as pessoas que fui tratar hoje onde estiveram no 25 de Abril de 1974. Que aporte cultural que recebi.
Dona J: Era telefonista quando ainda existiam as grandes centrais com telefones de cavilha "ai menina, que dia, tudo ligado, todas as luzes acesas, que dia aquele!".
Senhor J: Eu era inspector de secção, "andava pela Andrade Corvo, vi passar os tanques e fui atrás deles, vi tudo".
Dona O: Estava grávida, a subir a rua Garret, a caminho do emprego, teve medo, o filho já morreu.
Dona A: Ainda estava em Moçambique, com muita pena, a seguir ao 25 de Abril, viu-se obrigada a voltar para um país que já não sentia ser o seu.
Senhor L: " A menina é comunista?, porque o 25 de Abril foi para nos livrar duma ditadura fascista e passar a uma ditadura comunista, a verdadeira revolução foi a 25 de Novembro, essa data é que devia ser comemorada."

E são assim os meus dias, a ajudar alguns a lutarem contra a velhice e a ganharem vida enquanto eu vou envelhecendo, com a sensação de que posso mudar o mundo.

2 Comentários:

Alison disse...

Pois, tu tens um grande papel nas vidas dos teus doentes!

Eu vi um documentário sobre o antes e depois. A ver se preencho as minhas lacunas sobre a história portuguesa...
É tão interessante conhecer a história das pessoas que o viveram e os diferentes pontos de vista, fizeste muito bem!

Fátima disse...

Eu costumo ouvir as histórias da minha mãe, pai e o resto da família sobre o dia. A minha mãe estava em Lisboa, viu o entusiasmo todo pelas ruas, diz que se sentiu invadida por uma euforia nunca antes experienciada...

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